terça-feira, 31 de agosto de 2010

Técnicos discutem estudo sobre produtos florestais no Pará

A economia “invisível” dos produtos florestais não-madeireiros foi apresentada em reunião técnica na Sagri.

Presidente do Idesp, na abertura do evento, junto ao secretário Cássio Pereira, e o presidente do Ideflor, Jorge Yared.
O mercado nacional absorve 62% da produção local e oferta em torno R$ 756 milhões com a venda de açaí na região do Tocantins, destaque entre os produtos florestais não-madeireiros extraídos do Pará. A informação faz parte do estudo “Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros”, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental do Pará (Idesp), com apoio do do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA) e da Embrapa Amazônia Oriental, que foi apresentado nesta terça-feira, dia 31, a técnicos da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri).

O estudo traz dados 2008, considerando as cadeias de comercialização de PFNM nos dez municípios da região de integração do Tocantins - Abaetetuba, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju, Oeiras do Pará e Acará. Para o presidente do Idesp, José Raimundo Trindade, a pesquisa será importante subsídio para políticas públicas voltadas para a valorização desses produtos. “Assim é possível pensar numa política produtiva que alie crescimento econômico e crescimento da renda média das populações que atuam no extrativismo”, afirma Trindade.

A pesquisadora Marli na apresentação aos técnicos da Sagri.
Entre os produtos analisados, identificados na pesquisa, o campeão foi o açaí, responsável pela cifra de R$1,8 bilhões de renda total gerada (RBT) e circulada em toda a cadeia de comercialização desse produto. A produção no Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo ou plantados. “Alguns problemas identificados foram a baixa capacidade de armazenagem e de transporte dos agentes envolvidos, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os coletores e batedores de açaí sobre manipulação adequada do produto”, afirma Marli Mattos, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do Idesp, que coordena do projeto.

Ela explica que os setores que mais agregam são as 10 grandes agroindústrias de beneficiamento da polpa identificadas em municípios pólo do Estado: Castanhal, Tomé Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém. Na escala local, o setor de beneficiamento também é responsável pela valorização dos PFNM, porém com centenas de pequenos estabelecimentos “batedores” de açaí, que atendem à demanda da população tocantina.

O secretário de Estado de Agricultura, Cássio Pereira, afirma que o açaí já é responsável por cerca de 90% dos extrativismo paraense, portanto, é considerado o “gigante” entre os PFNM. “Os produtos florestais não-madeireiros têm sua importância no mercado e estudos como esses, do Idesp e Ideflor, desmistificam a percepção míope da sociedade sobre esses produtos”, diz o secretário.

Com o estudo foi possível verificar, ainda, que produtos como cacau e o palmito alcançaram os mercados nacional e internacional (23,61%), mas a comercialização externa ainda é minoria entre os PFNM. “Isso torna a economia local dependente desses mercados, sobretudo na definição dos preços”, analisa a pesquisadora do Idesp. Um total de 76% de valor agregado bruto dos produtos não-madeireiros ocorrem no Pará. “Essa é condição essencial para maior autonomia e indução de políticas para a verticalização das cadeias”, afirma Marli. Os resultados do estudo permitem identificar possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais. A pesquisa aponta também novos produtos, que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados no mercado.








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