quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Técnicos discutem estudo sobre produtos florestais no Pará

A economia “invisível” dos produtos florestais não-madeireiros já conquistou o Brasil e os mercados internacionais

O mercado nacional absorve 62% da produção local e oferta em torno R$ 756 milhões com a venda de açaí na região do Tocantins, destaque entre os produtos florestais não-madeireiros extraídos do Pará. A informação faz parte do estudo “Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros”, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental do Pará (Idesp), com apoio do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA/UFPA) e da Embrapa Amazônia Oriental. O projeto será tema de debate no “Diálogos sobre Desenvolvimento”, promovido pelo Idesp, que será realizado nesta quinta-feira, dia 16, das 9 às 12h, no auditório Costa Cavalcante, Edifício Sede do Banco da Amazônia. (15º Andar, Av. Presidente Vargas, 800)

O evento é direcionado a técnicos, pesquisadores e acadêmicos, com participação gratuita, para debater os avanços e desafios do mercado de produtos florestais não-madeireiros no Pará. Para o presidente do Idesp, José Raimundo Trindade, a pesquisa será importante subsídio para políticas públicas voltadas para a valorização desses produtos. “Assim é possível pensar numa política produtiva que alie crescimento econômico e crescimento da renda média das populações que atuam no extrativismo”, afirma Trindade.

O estudo considera as cadeias de comercialização de PFNM nos dez municípios da região de integração do Tocantins - Abaetetuba, Baião, Barcarena, Cametá, Igarapé Miri, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Moju, Oeiras do Pará e Acará. Para a pesquisa foram realizadas análises socioeconômicas das cadeias de comercialização dos PFNM para as regiões de integração do Tocantins, com 34 PFNM encontrados e no Baixo Amazonas com e 35 PFNM. Coletaram-se também dados nas regiões do Guamá (31 PFNM); do Caetés (24 PFNM); do Xingu (62 PFNM) e do Marajó (ainda em andamento).

Resultados preliminares

Entre os produtos analisados, identificados na pesquisa, o campeão foi o açaí, responsável pela cifra de R$ 1,8 bilhão de renda total gerada (RBT) e circulada em toda a cadeia de comercialização desse produto. A produção no Tocantins provém tanto de açaizais nativos, quanto de áreas de manejo ou plantados. “Alguns problemas identificados foram a baixa capacidade de armazenagem e de transporte dos agentes envolvidos, falta capital de giro, falta de investimentos para melhorar a produção e aquisição de equipamentos e falta treinamento para os coletores e batedores de açaí sobre manipulação adequada do produto”, afirma Marli Mattos, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação do Idesp, que coordena do projeto.

Ela explica que os setores que mais agregam são as 10 grandes agroindústrias de beneficiamento da polpa identificadas em municípios pólo do Estado: Castanhal, Tomé Açu, Santa Bárbara, Marituba, Benevides e Belém. Na escala local, o setor de beneficiamento também é responsável pela valorização dos PFNM, porém com centenas de pequenos estabelecimentos “batedores” de açaí, que atendem à demanda da população tocantina.

O secretário de Estado de Agricultura, Cássio Pereira, afirma que o açaí já é responsável por cerca de 90% do extrativismo paraense, portanto, é considerado o “gigante” entre os PFNM. “Os produtos florestais não-madeireiros têm sua importância no mercado e estudos como esses, do Idesp e Ideflor, desmistificam a percepção míope da sociedade sobre esses produtos”, diz o secretário.

Com o estudo foi possível verificar, ainda, que produtos como cacau e o palmito alcançaram os mercados nacional e internacional (23,61%), mas a comercialização externa ainda é minoria entre os PFNM. “Isso torna a economia local dependente desses mercados, sobretudo na definição dos preços”, analisa a pesquisadora do Idesp. Um total de 76% de valor agregado bruto dos produtos não-madeireiros ocorrem no Pará. “Essa é condição essencial para maior autonomia e indução de políticas para a verticalização das cadeias”, afirma Marli. Os resultados do estudo permitem identificar possibilidades produtivas locais e regionais, gargalos tecnológicos, necessidades de investimentos, regularização e especialização dos agentes locais e regionais. A pesquisa aponta também novos produtos, que não constam das estatísticas oficiais, ou que são subestimados no mercado.


“Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-Madeireiros”

Data: quinta-feira, dia 16

Horário: das 9 às 12h

Local: auditório Costa Cavalcante, Edifício Sede do Banco da Amazônia. (15º Andar, Av. Presidente Vargas, 800)

Um comentário:

  1. A pesquisa deve ser subsídio para o planejamento de políticas adequadas ao potencial imenso dos produtos paraenses, inclusive nos mercados nacional e internacional. Fui ao evento e achei muito válida a iniciativa do Idesp e do Ideflor em convidar a sociedade a conhecer o trabalho, com a certeza de que divulgando estão criando multiplicadores dessas informações.

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