O dado é de 2005, do estudo que analisou o Arranjo Produtivo Local da festa da padroeira dos paraenses.
Prof. Francisco em palestra que antecedeu o debate no Idesp. |
O estudo fez um retrato do Arranjo Produtivo Local (APL) do Círio de Nazaré, considerando aspectos culturais e econômicos entre 1902, quando é possível encontrar registros, até 2005. O estudo mostra que, somando o efeito “Natal dos Paraenses”, a economia do Círio de Nazaré de Belém corresponde a R$ 2,1 bilhões em Renda/Receita Bruta Total, R$ 190,2 milhões de Valor Adicionado (R$ 166,0 milhões de salários, para 295,1 mil ocupações, e R$ 24,2 milhões em lucros) e R$ 6,5 milhões em tributos (R$ 5,2 ICMS e R$ 1,3 ISS). Trata-se de uma grande economia (3,5% do PIB de Belém no ano. “Entretanto, apesar de sua grandeza este estudo demonstrou não haver, para ela, políticas públicas deliberadas”, avalia Francisco.
O público conheceu a pesquisa sobre a APL do Círio. |
Os resultados mostram ainda que o Círio, enquanto evento central, permite um aquecimento no volume das
transações diretas equivalentes entre 2000 e 2005, a preços correntes de 2005, de R$ 310,5 milhões para R$ 394,4 milhões, respectivamente. Considerando os efeitos indiretos, a Renda ou Receita Bruta Total de toda a economia foi, em 2005, de R$ 1,3 bilhões, gerando um Valor Adicionado de R$ 158,1 milhões (R$ 142,6 milhões de salários, o que corresponderia a 267.083 ocupações no mês, e R$ 15,5 milhões de lucro) e uma receita fiscal de R$ 3,3 milhões (ICMS R$ 1,9 e ISS R$ 1,3 milhões). “A festa aumenta seu espaço físico, no qual o sagrado é incorporado à lógica da territorialidade, e isso resulta no aumento de tempo. Assim temos um crescimento da audiência e, consequentemente, da economia local”, explica Francisco. No estudo se verificou que o aumento da participação de fiéis motivou, ao longo dos séculos de realização da festa, inovações como aquelas verificadas entre 1902 e 1920: vinculação do Círio às indulgências de Roma, criação da Diretoria do Círio, Hino do Círio. “Esse último teve um impacto estético tão forte que até hoje é um grande sucesso”, detalha Francisco. Ele destaca ainda que a partir de 1972, a imagem da santa padroeira deixou de ser vista apenas no roteiro exclusivo e passou a peregrinar em período anterior à grande romaria, alterando aspectos culturais e econômicos da festa. Nesse sentido, o estudo considerou ainda eventos relacionados ao Círio: o Auto do Círio, evento teatral ao ar livre; o Arrastão do Boi Arraial do Pavulagem, evento musical de massa; a Festa das Filhas da Chiquita, parada gay; Almoço do Círio, o equivalente à “Ceia do Natal”; além de campanhas especiais publicitárias de todas as empresas de Belém e a oportunidade de mensagens de todos os políticos.
“A fase mais recente se inicia com uma crise de crescimento de audiência nos anos noventa e um período subsequente, particularmente ativo, em inovações que refletiram em resultados que se mostram tanto na elevação da audiência total da procissão matriz e do conjunto de romarias a taxas significativas, como na redução do custo (esforço social) por unidade de audiência, seja quando medido por recursos monetários, seja quando avaliado por tempo diretamente despendido na produção do evento”, avalia o pesquisador.
O professor afirma que o Círio pode ser uma oportunidade, para Belém, de acesso à parcela crescente dos 167 milhões de cristãos que peregrinam anualmente no mundo, dos quais 80% ou 133,6 milhões, se deslocam para participar de cultos e eventos religiosos relacionados com Nossa Senhora.
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