terça-feira, 19 de outubro de 2010

Pará bate novo recorde na geração de empregos

Os dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam ainda o desempenho do Pará como o maior da região.

O mês de setembro representou dois recordes para o mercado formal de trabalho paraense: destaque entre os estados da Região Norte, e o melhor desde a série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego. O estudo trouxe uma síntese do comportamento do mercado formal paraense, em setembro de 2010, quando foram criados 4.605 empregos celetistas, equivalente à expansão de 0,77% em relação ao estoque de assalariados com carteira assinada do mês anterior. Cabe ressaltar que esse desempenho é o melhor da Região Norte.

“O saldo superior do Pará em relação aos estados nortistas demonstra o grau de positividade da economia paraense nos últimos anos”, avalia o economista José Raimundo Trindade, presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp). O resultado decorreu do crescimento do emprego principalmente no setor de Serviços, responsável por 1.459 postos e do Comércio, com a geração de 1.132 postos.
Evolução do emprego formal no Pará
Período: 2003 a 2010

O mercado paraense também apresenta bons resultados no acumulado do ano, no qual os números mostram que nos primeiros nove meses houve acréscimo de 34.280 postos, um percentual de 6,01%. Este resultado foi o segundo melhor de toda a série histórica do CAGED, em termos absolutos e relativos, sendo superado apenas pelo ocorrido em 2004, quando o saldo foi de 36.157 novos postos de trabalho.

Nos últimos doze meses, o acréscimo foi de 6,82% no nível de emprego, representando a geração de 38.631 postos de trabalho. Em termos absolutos, este resultado foi o melhor da Região Norte.

A Região Metropolitana de Belém registrou acréscimo de 1.523 empregos formais, aumento 0,50%. Em termos absolutos, este foi o terceiro melhor desempenho de toda a série histórica do CAGED para o período, sendo menor apenas que o ocorrido em 2008 (+2.008 postos) e 2006 (+1.551 postos).


Comportamento do emprego segundo Setores de Atividade Econômica:



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Balança comercial paraense apresenta segundo maior superávit do país em setembro

A balança comercial do Pará, em setembro, foi superavitária em US$ 1,3 bilhão, sendo este o segundo melhor resultado entre todas as unidades da federação, atrás apenas de Minas Gerais, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O saldo paraense ficou, inclusive, acima do saldo nacional, que foi de pouco mais de US$ 1 bilhão. No acumulado do ano (jan/set), a balança comercial do estado apresenta saldo de US$ 7,6 bilhões.

As exportações paraenses em setembro somaram US$ 1,33 bilhão (quinta maior do país), o segundo melhor resultado do ano (ver Gráfico abaixo). Neste mês, os principais produtos exportados foram: minérios de ferro (65,83%), alumina calcinada (10,28%) e bovinos vivos (4,45%), tendo China (32,57%) e Japão (10,61%) como os principais países de destino. No acumulado de 2010 (jan/set), as exportações totalizam US$ 8,4 bilhões.

Fonte: Mdic.

Elaboração: NAC/Idesp.
Já as importações em setembro foram de apenas US$ 66 milhões, sendo o terceiro menor valor do ano. Os principais produtos importados foram: hidróxido de sódio (19,4%) e outros aviões/veículos aéreos (18,92%), sendo Estados Unidos (55,64%) e Colômbia (12,95%) os principais países de origem das importações paraenses. No acumulado do ano, as importações somam US$ 836 milhões.

O saldo apresentado nos nove primeiros meses de 2010 já é superior ao valor de todo o ano de 2009, quando a balança comercial apresentou saldo de US$ 7,5 bilhões. Continuando no ritmo atual, a tendência é que o saldo de 2010 ultrapasse o valor de 2008 – que foi de US$ 9,6 bilhões e é o maior registrado até então.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Economia do Círio movimenta R$ 2,1 bilhões em Belém

O dado é de 2005, do estudo que analisou o Arranjo Produtivo Local da festa da padroeira dos paraenses.


Prof. Francisco em palestra que antecedeu o debate no Idesp.
 A festa que movimenta mais de dois milhões de pessoas em Belém, o Círio de Nazaré, a cada ano movimenta mais tempo, espaço e a economia local. A afirmativa é baseada no estudo “O Círio de Nazaré de Belém do Pará: a economia da fé”, do economista Francisco de Assis Costa, em mais uma edição do ciclo de debates “Diálogos Sobre Desenvolvimento”, nesta quarta-feira, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp). Francisco é professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), e pesquisador ativo da Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist, UFRJ). “O sistema, neste momento, está se expandido, portanto, elevando a sua eficiência reprodutiva”, afirma o pesquisador sobre o momento atual da festa.

O estudo fez um retrato do Arranjo Produtivo Local (APL) do Círio de Nazaré, considerando aspectos culturais e econômicos entre 1902, quando é possível encontrar registros, até 2005. O estudo mostra que, somando o efeito “Natal dos Paraenses”, a economia do Círio de Nazaré de Belém corresponde a R$ 2,1 bilhões em Renda/Receita Bruta Total, R$ 190,2 milhões de Valor Adicionado (R$ 166,0 milhões de salários, para 295,1 mil ocupações, e R$ 24,2 milhões em lucros) e R$ 6,5 milhões em tributos (R$ 5,2 ICMS e R$ 1,3 ISS). Trata-se de uma grande economia (3,5% do PIB de Belém no ano. “Entretanto, apesar de sua grandeza este estudo demonstrou não haver, para ela, políticas públicas deliberadas”, avalia Francisco.

O público conheceu a pesquisa sobre a APL do Círio.
Os resultados mostram ainda que o Círio, enquanto evento central, permite um aquecimento no volume das
transações diretas equivalentes entre 2000 e 2005, a preços correntes de 2005, de R$ 310,5 milhões para R$ 394,4 milhões, respectivamente. Considerando os efeitos indiretos, a Renda ou Receita Bruta Total de toda a economia foi, em 2005, de R$ 1,3 bilhões, gerando um Valor Adicionado de R$ 158,1 milhões (R$ 142,6 milhões de salários, o que corresponderia a 267.083 ocupações no mês, e R$ 15,5 milhões de lucro) e uma receita fiscal de R$ 3,3 milhões (ICMS R$ 1,9 e ISS R$ 1,3 milhões). “A festa aumenta seu espaço físico, no qual o sagrado é incorporado à lógica da territorialidade, e isso resulta no aumento de tempo. Assim temos um crescimento da audiência e, consequentemente, da economia local”, explica Francisco.

No estudo se verificou que o aumento da participação de fiéis motivou, ao longo dos séculos de realização da festa, inovações como aquelas verificadas entre 1902 e 1920: vinculação do Círio às indulgências de Roma, criação da Diretoria do Círio, Hino do Círio. “Esse último teve um impacto estético tão forte que até hoje é um grande sucesso”, detalha Francisco. Ele destaca ainda que a partir de 1972, a imagem da santa padroeira deixou de ser vista apenas no roteiro exclusivo e passou a peregrinar em período anterior à grande romaria, alterando aspectos culturais e econômicos da festa. Nesse sentido, o estudo considerou ainda eventos relacionados ao Círio: o Auto do Círio, evento teatral ao ar livre; o Arrastão do Boi Arraial do Pavulagem, evento musical de massa; a Festa das Filhas da Chiquita, parada gay; Almoço do Círio, o equivalente à “Ceia do Natal”; além de campanhas especiais publicitárias de todas as empresas de Belém e a oportunidade de mensagens de todos os políticos.

“A fase mais recente se inicia com uma crise de crescimento de audiência nos anos noventa e um período subsequente, particularmente ativo, em inovações que refletiram em resultados que se mostram tanto na elevação da audiência total da procissão matriz e do conjunto de romarias a taxas significativas, como na redução do custo (esforço social) por unidade de audiência, seja quando medido por recursos monetários, seja quando avaliado por tempo diretamente despendido na produção do evento”, avalia o pesquisador.

O professor afirma que o Círio pode ser uma oportunidade, para Belém, de acesso à parcela crescente dos 167 milhões de cristãos que peregrinam anualmente no mundo, dos quais 80% ou 133,6 milhões, se deslocam para participar de cultos e eventos religiosos relacionados com Nossa Senhora.

A economia do Círio será tema de debate no Idesp

O foco será estudo sobre o Arranjo Produtivo Local da festa da padroeira dos paraenses.

A maior festa dos paraenses será o foco do ciclo de debates Diálogos sobre Desenvolvimento, promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico Social e Ambiental do Pará (Idesp), nesta quarta-feira, dia 6, às 10h, na sede a entidade. O público irá conhecer a pesquisa “O Círio de Nazaré de Belém do Pará: a economia da fé”, do professor, com nível de doutorado, Francisco de Assis Costa, da Universidade Federal do Pará. “O objetivo é apresentar esse ´evento total´ como um sistema submetido à regulação por princípios reprodutivos que combinam forças de expansão e de retração e demonstrar sua capacidade adaptativa e de expansão sob tais condições, nesses mais de duzentos anos de ocorrência. Como parte da análise, uma avaliação do seu significado para a economia de Belém”, afirma o pesquisador.

O estudo fez um retrato do Arranjo Produtivo Local (APL) do Círio de Nazaré, considerando aspectos culturais e econômicos, no qual o pesquisador analisou a festa desde sua trajetória. Será possível conhecer as transformações que a festa adquiriu durante os séculos de realização, como o acréscimo de peregrinações nas últimas décadas, para acompanhar a adesão de fiéis dos mais diversos perfis, para compreender os impactos na economia local.

Para Francisco, “o Círio, como um sistema capaz de se auto-organizar, vem ajustando ao longo do tempo uma estrutura própria de governança, a tornar mais eficientes a disponibilização dos meios de realização, a preservação da memória, a formação de mecanismos de feed back, a sistematização do aprendizado e a absorção das capacidades alcançadas em outros sub-sistemas sociais e sua utilização nos ajustamentos de trajetória e correção de rumo”.